Tuesday, August 19, 2008

A nossa primeira discussão

Os restantes dias correram normalmente. Ele todo entusiasmado sempre a falar nos pais e a dizer que deveriamos ir passar um fim-de-semana a Glasglow com eles para irmos às compras. Vou ser muito sincera. A parte das compras agradou-me imenso, agora estar com os pais dele...Grrrr!!! Aturar Rachel não ia ser nada fácil. Ia-se pôr toda cheia de 9 horas com aquele sorriso falso de sonsa frígida... Ainda para mais estava sem economias, logo teria de ir às compras com o cartão de Frank e acho que a minha querida "sogra" não ia engolir isso muito bem. Ia logo dizer que eu andava com ele porcausa do seu dinheiro. Como fomos sempre sinceros um com o outro expliquei-lhe que eu estava a ficar sem economias e que não poderia ir às compras tão cedo. Não me ia sentir à vontade com tal situação ainda para mais na presença dos seus pais. "Estás insana? Estamos nisto juntos, e quando te conheci trabalhavas, desististe de tudo por mim, por nós!" Confesso que fiquei ainda mais apaixonada por ele. Tal palavras fizeram-me sentir como quando bebo vinho para além da conta. Fiquei com aquela sensação de vazio na cabeça e vontade de sorrir sozinha. Uma comparação parva, porém real! Fiquei feliz naquele momento e as minhas incertezas nesse momento dissiparam-se. Então lá fomos nós passar o fim de semana, não a Glasgow mas sim a Aberdeen pois os seus pais tinham lá uma quinta. Com vacas , (para além da R.), patinhos, esquilos, coelhos ... Tudo muito giro, muito bem arranjadinho... Almoçámos às onze e meia da manhã que até fiquei agoniada. Raio dos velhos que acordam as 5 da manhã e às 11.30 já têm fome! Ninguém os aguenta... Fomos dar uma caminhada pelo jardim muito engraçado lá da zona. Chamava-se Duthie Park. Decorei o nome porque eles pronunciam-no de forma muito estranha, nada a ver com o sotaque americano. Passando à frente! Finalmente fomos às compras. As lojas, nada de especial. Havia uma Debenham's, Topshop, H&M, Banana Republic, Gap e não muito mais. Como Rachel e eu eramos amicíssimas aos olhos de Frank, fomos primeiro fazer as compras da senhora. Vi tudo o que era loja de velhas. Aquelas que cheiram a mofo, a cairem de podre. A madeira toda estalada na entrada da loja, os móveis e as estruturas ultrapassadas... Vi montes e montes de luvas, chapéus, saias, vestidos, écharpes, tudo à rainha Elizabeth II vs Madame Bouquet. Que medo! E quanto mais eu bocejava e olhava para o relógio mais aquela velha dum raio se divertia (às minhas custas pois está claro)! E eu a ver as horas a passar e a passar-me. Eu também queria ir as compras, mas as lojas fechavam as 5 e já eram 3 da tarde. Tanta coisa para comprar 2 vestidos 2 pares de luvas uns chapéus e umas écharpes que até os meus cortinados do moquifo onde eu viva em NY eram mais bonitos. O mais engraçado foi quando a funcionária disse o preço. Quase 1000£. E adivinhem quem pagou? O otário do filho, que queria dar uma linda prenda à sua querida mãezinha. Só o vi a chegar-se a frente com o cartão de crédito. Os meus olhos arregalaram-se como nunca, mas enfim que podia eu fazer? Pagou e fomos embora para eu fazer as minhas compras. Fui à Gap, comprei duas malhas e mais um ou outro acessório e não muito mais. Sinceramente, tinha ficado sem vontade para compras. De facto, sem vontade para nada. Quando Frank me passou o cartão para eu pagar Rachel perguntou com um sorriso nos lábios "Ai já têm conta conjunta?".
Gelei, fikei sem reacção, mas não podia deixar passar aquilo em branco. Aquilo era obviamente uma afronta.
Tive que responder com um sorriso de sonsa cabra"sim, e pelos vistos a 3". Frank olhou-me com uns olhos que desconhecia até entã. Ben fingiu não se ter apercebido de nada e a Rachel fez cara de surpresa e olhou para Frank com aquele olhar de "I told you so!" muito espantada tipo grace Adler de Will and Grace. Como vi que não estava a ser muito bem vista por aquelas bandas disse logo que estava a brincar que o que eu queria dizer era que hoje, todos nós tinhamos direito a mimos, blá, blá, blá. E graças a deus Ben lembrou-se de que tinhamos de ir à Marks & Spencer fazer compras para a casa. E lá fomos nós, num ambiente hóstil e eu de um momento para o outro virei best friend do Ben. A escolhermos as saladas, molhos, etc... Frank fez questão de mostrar de quem tinha tirado partido, só falava com a mãe e ignorava-me por completo. Pensei para os meus botões que isto ia ser uma guerra difícil de vencer. Não tinha começado da melhor maneira. Chegámos à quinta, arrumámos as compras e fui ao quarto mudar de roupa. Ouvi a madeira a ranger, sabia que Frank vinha a subir as escadas... Que dor no estomâgo que eu senti no momento. Aquela dor de quem fez merda e que vai ouvi-las.

Monday, August 04, 2008

Convidou os pais para irem almoçar connosco a sua casa. Não me importei e resolvi cozinhar! Pensei fazer um prato tradicional porguês. Fiz bacalhau com natas e depois cozido à portuguesa.
Os senhores mal chegaram foram muito educados. Um pouco frios e fizeram questão de demostrar o fosso existente entre nós. Fiquei um pouco incomodada com essa situação. Os meus pais teriam falado com o meu "noivo" de forma mais calorosa, de forma a sentir-se em casa. Pelas conversas apercebi-me que quem mandava naquela casa era a mulher. Rachel era educada, fria e nada meiga. Contudo, notava-se que era ela, que de uma maneira subtil, mandava no marido. Ben era muito simpático de vez em quando esboçava um sorriso natural, nada forçado, ao contrário dos de Rachel. Ao almoço, Ben quase que lambeu os dedos de tão boa que a comida estava. Não sou grande cozinheira mas qualquer coisa é melhor que fish and chips. Rachel também gostara da comida, mas para não dar o braço a torcer não repetiu nem nada. Comeu como se tivesse ido ao Mc Donalds. Aquela sensação de que o que vão pedir já sabem exactamente ao que vai saber pois é sempre igual.
Fiz mousse de manga para sobremesa, que estava muito boa. O Ben adorou e a Rachel fez o favor de não experimentar, pois era alérgica a manga e não podia comer doces. Mas depois não se poupou ao açúcar no café!
Frank parecia um miúdo, radiante por estar com os pais e comigo. Eu conseguia ver um brilho nos olhos dele. Mas será que ele não via que a sua mãe não estava a ser natural? Ou seria eu que estava a ver coisas. Ela perguntou-me sobre o que eu fazia anteriormente antes de morar com o seu filho, como é que uma portuguesa ia para U.S., e como é que eu conseguia deixar a minha vida por Frankie? Estaria ela a insinuar que eu estava atrás do seu dinheiro ou da sua família? Ainda disse ao filho dela que sempre pensou que ele se fosse casar com uma rapariga do campo e que afinal ia casar-se com uma menina de uma grande cidade (grandessissima galdéria deveria querer ela dizer).
Nunca mais se iam embora! Ainda fomos caminhar depois do café e ficaram para o lanche. Estava desprevenida porque não contava que ficassem, já que são tão cheios de 9 horas mas com a insistência do filho a mãe foi a primeira a dizer que ficava para o lanche. Escusado será dizer que o Ben não abriu a boca para dizer o que fosse. Rachel quis ajudar-me na cozinha. Lá tive eu não outra escolha senão aceitar. Parecia mal. Não queria que o filho dela ficasse com a impressão que eu não queria nada com a mãe dele. Vocês acreditam que elas pôs-se com truques e disse de forma simpática que o filho dela ao lanche gostava de bagles e não croissants (que era o que eu tinha), a marca da manteiga não era aquela e que fiambre de galinha não alimentava ninguém que o presunto era melhor? Respirei fundo, imaginei-me a dar-lhe com uma perna de presunto na cabeça (assim como quem joga baseball) e sorri. Virei-lhe as costas para buscar uma bandeja para levar as coisas para a mesa. Lanchámos (eu quase nada), mas sempre a sorrir, e foram se embora pouco depois. Frankie agradeceu-me por ter recebido tão bem os pais deles e dizia que nos iríamos dar todos muito bem. Que tinha conquistado a sua mãe e que eles iriam ser os mais segundos pais já que os meus estavam ausentes. Posto isto, engoli em seco e fiquei muito preocupada.