Tuesday, October 14, 2008

-Posso entrar? - perguntou-me.




-A porta está aberta!" Esse foi o indicador que ele estava muito chateado comigo. Nunca antes me tinha pedido para entrar no quarto. Entrou e sentou-se na cama de costas para mim. Como estava calado pensei começar eu a conversa.




"Mor eu sei que estás chateado comigo, mas ouve-me. Sinto que estou a competir com a tua mãe por ti. E não deveria ser assim. Cada um de nós tem um lugar e a tua mãe está a querer ocupar o meu."




-Nem vás por aí! Ela é minha mãe! Nunca deixará de o ser! - respondeu-me ele todo zangado.




-Sim é tua mãe! Exactamente! E eu sua a tua mulher! - gritei-lhe!




-Ainda pensas que tens razão?




-Sim, acho! Desde que a conheci, ela não tem sido verdadeira comigo. Há sempre respostas dúbias. Só tu é que não vês.




-Como assim? Não te admito que fales assim da minha mãe!




-Então é melhor pararmos de falar sobre ela. Já vi que é a única solução.




-Pois, mas quando chegarmos a casa vamos ter de conversar.




- Oh Deus, não sabes o quanto anseio por isso.




-Queres-te ir já embora é?




-Não! Só preciso de descansar. Mas lá para baixo, não quero que os teus pais pensem que se passa algo de errado. ( Não queria dar esse gostinho à minha querida sogra). Estou nervosa também pelo que aconteceu e foi uma situação que podia ter sido evitada.







-Pois podia! A minha mãe sempre foi simpática contigo. Não percebo essa implicância que tens com ela.







Resolvi não dizer nada. O melhor agora seria acalmar a fera, mas a partir deste momento tive a certeza que ia ter uma sogra à portuguesa. Se vocês soubessem como eu queria apertar-lhe aquele pescoço. Será que eu não me consigo livrar deste tipo de gente? Acho que deveria mudar o nome do blogue para "as cabras da minha vida". Desci com o Frank, sem qualquer contacto visual entre ambos e fui ajudar a minha sogra, enquanto Frank punha a mesa.


Quando cheguei à cozinha ia-me assustando com a quantidade de panelas que vi no fogão. E ainda dizem que os britânicos não gostam de cozinhar...Era batatas a cozer, pato no forno, e um peixe qualquer já preparado para pôr no forno a lenha. E ainda queria fazer sobremesa. Queria fazer-me frente pela última vez que esteve na nossa casa. Acabámos por fazer um merengue de morango e frutos silvestres. Ela disse-me o nome daquilo várias vezes mas já não me lembro. Lembro-me é que fiquei uma eternidade na cozinha. Honey please do this, sweetheart do that...Sempre sorridente. Sonsa! Eu só queria ir para casa e ainda faltava um dia. E estava tudo a ficar com óptimo aspecto. Fiquei com inveja confesso. Entao adivinhem lá o que é que eu fiz quando ela foi à casa de banho? Rapidamente fui buscar sal refinado e açúcar em pó e pus nas panelas e travessas de barro. A minha querida sogra não se ia ficar a rir nem mesmo que eu quisesse. Logo a seguir fui para a sala, não queria que ela me visse no local do crime. Acho que não ia conseguir disfarçar o sorriso do pestinha.

Foi na sala que Frank me "informou" que iriamos embora depois do jantar. Não podia ser melhor! Passar o meu lindo domingo em casa, chateada com Frank, mas rapidamente faziamos as pazes. Qualquer mulher sabe dar a volta à questão. Umas lágrimas de crocodilo e uma óptima tarde de sexo junto à lareira de certeza que ia ser mais que suficiente.



Chegou o momento da refeição, a hora da verdade! Estava mortinha para ver qual seria a reacção deles. Gostava de estar a filmar para mais tarde recordar. Petisquei o pão com manteiga enquanto eles começaram a comer. Segundo Frank o pato estava óptimo. O pau mandado do George também concordou.

Mas será que ninguém percebeu que a comida tinha sal a mais? E o açúcar? Ninguém sentiu um gosto estranho? Mas o que é que se passava com esta gente? Nunca comeram comida bem condimentada para saberem a diferença? Resolvi experimentar como se não se passasse nada e a comida realmente estava boa. Mas o que é que correu mal? Olho para a Rachel e ela pisca-me o olho e diz em alto e bom som "não conseguia tê-lo feito sem ti!". Perplexa, baixei a cabeça e continuei a comer em silêncio. Sinceramente, até hoje não percebi o que se passou. Será que ela experimentou a comida e percebeu o que fiz e resolveu a situação, será que o sal e o açúcar são um tempero excepcional... Até hoje não sei o que pensar sobre isso. E o que ela me disse à mesa será que com intencional? Só sei que passei o jantar todinho caladinha como se nem lá estivesse. Depois do jantar estaria de volta a casa e queria era ir-me embora dali o quanto antes. Depois do jantar e respectivo chá fomos embora. A meio do caminho Frank recebe uma chamada da mãe a dizer que se estavam a sentir mal e que os diabetes deles estavam muito altos. Lá tivemos nós que dar meia volta e voltar para a casa do mau olhado, como eu lhe chamo. Será que tinha sido do sal a mais que pus na comida? Porque é que ninguém me avisou que ambos eram diabéticos? Eu e as minhas brilhantes ideias...